STF restabelece prisão de Allan Turnowski, ex-chefe da Polícia do Rio
01/05/2025
(Foto: Reprodução) Defesa do delegado disse que vai recorrer. Turnowski é investigado por ligação com o jogo do bicho. Allan Turnowski
Reprodução/TV Globo
A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) restabeleceu a prisão preventiva do ex-secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Allan Turnowski. A decisão é desta quinta-feira (1º).
Ao g1, a defesa do delegado confirmou que vai recorrer.
“A defesa vai interpor embargos de declaração no próprio STF e novo habeas corpus porque alguns temas foram omitidos, especialmente o fato do processo estar paralisado há quase 1 ano em diligência requerida pelo MP. E o mais importante, que todas as medidas alternativas foram cumpridas na integralidade, inocorrendo qualquer incidente", disse o advogado Daniel Bialski.
Turnowski deixou a prisão em 2022, após uma decisão do ministro Kassio Nunes Marques. Ele é réu por organização criminosa e investigado por suspeita de envolvimento com o jogo do bicho.
Ele ocupou o cargo de secretário de Polícia Civil do RJ entre setembro de 2020 e abril de 2022, no governo Cláudio Castro, e concorreu a deputado federal pelo PL na última eleição.
Em setembro de 2022, ele foi preso durante uma operação do Ministério Público do RJ (MPRJ).
Turnowski ficou na cadeia menos de um mês. O ministro Kassio Nunes Marques revogou a prisão do delegado, mediante medidas cautelares — como não acessar repartições da polícia.
O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão em outubro de 2022, e a 2ª Turma julgou o recurso entre os dias 18 e 29 de abril desse ano, em sessão virtual.
Kassio manteve a posição pela liberdade de Turnowski e teve o voto seguido por Dias Toffoli. Edson Fachin, no entanto, divergiu do relator e votou por restabelecer a prisão preventiva do delegado. Ele foi acompanhado por Gilmar Mendes e André Mendonça.
Quem é Allan Turnowski
Da esquerda para a direita: Allan Turnowski, ex-secretário da Polícia Civil, Ronaldo de Oliveira, ex-subsecretário de Planejamento e Integração Operacional, e Giniton Lages, ex-diretor das delegacias da Baixada
Eliane Santos/G1
Turnowski foi chefe da Polícia Civil entre 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral (MDB) e deixou a pasta durante uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto vazamento de uma operação. O caso foi arquivado por falta de provas. O delegado sempre negou qualquer irregularidade.
Depois, em 2020, ele voltou ao posto – que passou a ser uma secretaria do governo do estado – onde ficou até o início deste ano, quando saiu para se candidatar. Sob sua gestão, a pasta inaugurou uma força-tarefa de combate às milícias, que até março de 2022 tinha contabilizados mais de 1,2 mil presos.
Turnowski também anunciou reformas em 25 delegacias e criou um prédio para o setor de Inteligência da Polícia Civil, no Centro do Rio.
Durante sua gestão, no entanto, Turnowski foi criticado pelas 28 mortes em uma operação no Jacarezinho, em maio de 2021. O secretário sempre defendeu a ação da Polícia Civil.
Mesmo com uma decisão do STF restringindo operações no Rio durante a pandemia, o número de ações da polícia aumentou entre 2020 e 2021.